segunda-feira, 23 de março de 2009

Resenha: A odisséia do cinema educativo (Alberto)

Em países como EUA, Canadá e Japão, filmes em película são ainda muito utilizados com fins educativos. (p.75). Noel Carroll (1996) apresenta dados que a disseminação da televisão e do videocassete não diminuiu a produção de filmes, pelo contrário.(p.76).

Após breve explanação sobre o surgimento das primeiras máquinas de registro e exibição cinematográficas (imagem em movimento), o autor cita alguns exemplos sobre a vocação educacional do cinema desde seus primórdios, nos EUA, Europa e Brasil. Em todos os casos, o autor relaciona o cinema dos primórdios – vistas documentais – com cinema educativo.(p.76-79). Além dos filmes de ficção, praticamente tudo que é não-ficção pode ser definido como filme educacional. (p.79-80).

O autor disserta sobre os diversos formatos e bitolas para cinema, destacando relações entre aparatos técnicos e possibilidades de utilização em contextos educativos e científicos. Prossegue relatando características próprias da imagem cinematográfica, como luminosidade, enquadramento e maquinária. (p.79-82). Apresenta-se resultados das pesquisas realizadas por Hoban Jr. e van Ormer (1951) no campo de cinema educativo. Tais resultados são apresentados sem análise crítica e o autor nem sequer cita as metodologias adotadas para obtenção dos mesmos, o que evidencia o impulso do autor em reafirmar resultados de pesquisas antigas como verdades absolutas para validar a hipótese que está querendo provar, isto é, que os filmes têm alto valor e potencial educativos. (p.82-84).

O texto em questão é de extrema importância pela extensa revisão bibliográfica apresentada. Mesmo que apresentadas com pouca criticidade, o fato de serem apresentadas tantos trabalhos posteriores já é por si só um feito notável, e que serve de referência a estudos posteriores na área do audiovisual educativo. São apresentadas novas elocuções sobre o caráter educativo/científico do cinema dos primórdios. É ressaltado o valor histórico desses registros audiovisuais, observação esta que dialoga com estudos audiovisuais recentes (J.C. BERNARDET; Robert C. ALLEN e Douglas GOMERY, Michele LAGNY, entre outros). (p.85-86).

Cita-se exemplos de filmes medicinais, ou seja, descrição audiovisual de procedimentos médicos. (p.87). O autor cita ainda inúmeros exemplos de como o cinema auxiliou e o progresso médico-científico, possibilitando descobertas e divulgações bastante relevantes. (p.88-91).

Em 1950, o cinema educativo presenciou uma época de ascensão, devido em grande parte ao surgimento e fortalecimento de filmotecas. (p.91). Em 1960 foi criado o Serviço de Recursos Audiovisuais (SRAV) ligado ao Centro Regional de Pesquisas Educacionais de São Paulo. O referido órgão foi responsável pela produção de filmes educativos e principalmente pela tradução e adaptação de diversos filmes educativos estrangeiros. Os filmes produzidos e adaptados pelo SRAV eram disponibilizados para uso educativo. (p.92-93).

É lamentável o descaso acadêmico e jornalístico com os diversos filmes educativos produzidos com finalidade de treinamento industrial. (p.93-94). O autor cita ainda exemplos de cinema e educação infantil, iniciativas estatais de produção e distribuição de cinema educativo, épocas de auge e declínio do cinema educativo em prol de longas metragens ficcionais, programas televisivos e curtas-metragens de outras naturezas, o advento da televisão como ampliação do alcance do cinema educativo, iniciativas da TV Cultura/Fundação Padre Anchieta e do Instituto Nacional de Cinema Educativo, o INCE. (p.94-97).

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